quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A Mutação da Ovelha


Texto: Mateus 9.17

“Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas põem-se vinho novo em odres novos, e ambos se conservam”

Muito tem sido falado sobre ser cheio do “vinho novo” e vemos neste texto que é intenção do Senhor nos encher, mas o fato é, será que temos sido odres novos?

Afinal, o que é um odre? De que ele é feito? Como é este processo de fabricação?

Odre é um saco feito de pele que é utilizado para transportar líquidos. Também chamado de bolsas, eram feitas de pele de ovelha, onde se conservava o vinho. À medida que o suco de uva fermentava o vinho se expandia. Os odres novos tinham maior resistência e flexibilidade e se esticavam, mas os odres usados e envelhecidos não suportavam a pressão e estouravam, colocando o vinho a perder.

O processo de fabricação dos odres é bastante peculiar e se iniciava com a escolha de uma ovelha. Somos escolhidos de Deus (Ef 1.4).

Depois da escolha o 1º processo era o tosquiar a lã da ovelha: Isso fala de Orgulho e soberba. Se quisermos ser cheios do Espírito Santo temos que retirar de nós toda raiz de orgulho e soberba (Tg 4.6, Pv 16.18).

O 2º processo era amputar as pernas da ovelha: Isso fala de darmos a direção da nossa vida a Cristo, devemos ser levados por Ele e não por nossa própria vontade (At 17.28).

O 3º processo era decapitar a cabeça: Isso fala de perder a “nossa vida” (Gl 2.20, Fp 1.21, Rm 14.8). Fala também do reconhecimento de que Cristo é o Cabeça e não existe “nosso” ministério e sim o ministério Dele que é o Cabeça da Igreja (Ef 1.20-23, Ico 11.3).

O 4º processo era limpar todo interior da ovelha: A física diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo. Se você está no centro da “sua vida” significa que Jesus não está lá. Devemos seguir o exemplo do nosso mestre e nos esvaziar (Fp 2.5-11).

O 5º processo era curtir a pele: Nesta etapa a pele é submetida a etapas de agressões (ácidos e produtos químicos etc.). Após isso passava por um processo de sovada nas pedras, procedimento esse que trazia maior maciez, resistência e a transformava em um couro de boa qualidade.

Esse processo fala dos sofrimentos e dificuldades que passamos, pode parecer um discurso louco, mas esta etapa nos aperfeiçoa e nos transformam em pessoas mais resistentes e confiáveis.

Comprovamos isso com algumas declarações de uma ovelha bem curtida, o apóstolo Paulo (2co 6.3-10, Rm 8.18, 2Co 4.7).

Para transformarmos em odres cheios do vinho novo, cheios do Espírito Santo devemos passar por essa mutação atingindo assim todas as áreas da nossa vida, gerando frutos que expressam a amplitude desta transformação (Gl 5.22).

Nele sempre

David Júnio

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Golpe de Mestre

Lc 22.15-22 “Dê a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”

Nestes poucos versículos encontramos uma das armadilhas mais bem arquitetadas contra Jesus, nos dias de hoje poderíamos considerar quase um “golpe de mestre”. Aqui os fariseus envia seus discípulos juntamente com os herodianos que formavam um partido político judaico que favorecia a continuação da dinastia de Herodes, embora eles e os fariseus fossem inimigos naturais, as duas partes se uniam em oposição comum contra Jesus.

Ou seja, diante de uma ameaça maior, fariseus e herodianos se unem numa cilada bem argumentada contra Jesus. Os maus se juntam no ataque ao Sumo Bem. Se a resposta de Jesus fosse “Não”, os herodianos o denunciariam ao governador romano, que teria o direito de executá-lo por traição. Se respondesse “Sim”, então os fariseus o denunciariam diante do povo judeu, por deslealdade a Israel e ao judaísmo.

O dinheiro usado no império romano para pagar os impostos chamava-se “denário”. Uma moeda romana, cujo valor correspondia a um dia de trabalho braçal. Esta moeda trazia em um dos lados, o retrato do imperador e do outro a inscrição em latim “Tibério César Augusto”. Todos os governos deste mundo, em todas as épocas, vivem de tributos recolhidos do povo. Foi Deus quem deu a césar poder e autoridade (Rm 13.1-7).

Então Jesus em meio a esta complicada situação deixa todos atônitos diante de sua devoção ao Pai, sabedoria, simplicidade e coerência. Entretanto o governo espiritual tem sua moeda própria e eterna: fé, amor, bondade, compaixão, misericórdia (Lc 20.20-25,Gl 5.22-26). O Reino de Deus não é deste mundo. Seu estilo de vida é espiritual e visa o benefício de todos os seres e não a exploração do homem pelo homem.

Jesus reconheceu a distinção entre as responsabilidades políticas e espirituais. Ao governo devemos impostos e obediência, política justa. No tributo às autoridades civis, apenas retribuímos parte daquilo que oferecem. Para Deus, devemos nossa adoração, louvor, gratidão, obediência, serviço e a dedicação de todo nosso ser.

Interessante que a palavra “daí” no original é “apodidomi” que significa realizar o dever de alguém para com outra pessoa, dar o que é devido, devolver, recompensar, restaurar.

Realizar o dever de alguém: isso me lança imediatamente para Tg 1.27 “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e si mesmo guardar das contaminações do mundo”.

Dar o que é devido: essa expressão me faz lembrar uma frase “Palavras sozinhas são insuficientes, mas ações concretas credibilizam”

Restaurar: nos últimos tempos, muito tem se falado sobre restauração, atingindo vários seguimentos da nossa sociedade, mas esta palavra aponta para um ato que demonstra que um coração está sendo restaurado nos seus valores e sinceramente entendo que o verdadeiro processo transformador na vida de uma pessoa passa também pela área financeira no que tange a sua liberalidade e disponibilidade ao Reino de Deus!

O cheque-mate: Jesus pega a moeda e pergunta de quem é aquela imagem e ali aponta para o princípio de governo e lealdade. Mas hoje se pegarmos todas as notas da nossa moeda o “Real” tem uma expressão: DEUS SEJA LOUVADO.

Creio que nós, cidadãos dos céus, também lhe devemos LOUVOR E LEALDADE nos nossos investimentos sinceros.

NEle sempre

David Júnio



segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A Benção de Não Possuirmos Nada

2Co 6.10 “entristecidos mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo”

Antes de o Senhor Deus criar o homem sobre a face da terra, primeiramente preparou tudo para ele, criando inúmeras coisas úteis e agradáveis para seu sustento e deleite. Foram feitas para serem utilizadas pelo homem e deviam sempre ser exteriores a ele. Isso porque no mais profundo do seu coração, havia um santuário que somente Deus era digno de ocupar. Dentro do homem achava-se Deus, e fora, milhares de dons que o Senhor derramara sobre ele, como chuva.

O pecado, entretanto, trouxe complicações e transformou esses dons de Deus em potenciais de ruína para a alma. As “coisas” dentro do coração do homem passaram a imperar. A natureza deste coração agora se torna cheia das palavras “possuir” e “possuir”. Os pronomes “meus” e “minhas” parecem perfeitamente inocentes quando impressos no papel, mas o fato é que as coisas se tornaram necessárias para nós de um modo que jamais foi a intenção de Deus.

Isso me fez lembrar-se de Abraão, homem já idoso quando o filho da promessa “Isaque” nasceu (Gn 21.1-2). Na verdade já tinha idade suficiente para ser seu avô e o menino imediatamente se tornou um deleite e um ídolo para seu velho pai. Desde o primeiro instante em que se curvou para tomar aquele corpo pequenino e frágil em seus braços desajeitados, tornou-se escravo do amor intenso que dedicava ao filho. Esse sentimento foi se desenvolvendo e quando se aproximou da fronteira de terreno espiritualmente perigoso, Deus interferiu a fim de salvar tanto o pai como o filho das conseqüências de um amor idólatra!

Em Gn 22.2 relata o teste, a prova de Abraão. O escritor sagrado poupa-nos de detalhes, mas dá para imaginarmos o sofrimento e angústia daquele pai que agora está sendo direcionado por Deus a oferecer seu filho, seu único filho como sacrifício! Deus havia lhe prometido ser pai de descendências e esse pedido de Deus não era nada coerente com toda uma vida de devoção e renúncia. Essa foi à prova de fogo de Abraão, mas ele não caiu ao enfrentar essa aflição!

O teste continuava e Deus permitiu que aquele homem sofrido prosseguisse com o plano até o ponto em que provou que não retrocederia mais (Hb 10.39) e aí então, o impediu de tocar em teu filho. E Deus disse: “Chega Abraão”. Creio que na realidade Deus nunca tencionou que Abraão realmente sacrificasse seu filho, Ele queria apenas removê-lo do santuário do seu coração para que pudesse reinar ali sem rivais! Desejava corrigir a distorção de seu afeto.

Abraão agora era uma pessoa totalmente rendida ao Senhor, perfeitamente obediente (Hb 5.8) um homem que nada possuía além de Deus. Deus poderia ter começado a operar na vida deste homem da periferia para o coração, mas preferiu ir direto ao ponto, fazendo toda a obra em um único golpe súbito de separação. Agindo assim poupou tempo e recurso. Após essa experiência amarga, mas abençoada, penso que as palavras “meu” e “minhas” jamais tiveram o mesmo sentido para Abraão!

Parece que esta lição inspirou outros homens de Deus durante a sua caminhada com Cristo.

Paulo também nos inspira quando demonstra em palavras que realmente nada possuía e o que mais importava era viver a vida para o Senhor (At 20.24, Gl 2.20, Rm 14.8, Fp 1.21)

“É duvidoso que Deus use um homem tremendamente, sem antes não o feri-lo profundamente” A. W Tozer

Se estamos resolvidos a andar com Deus, mais cedo ou mais tarde ele nos submeterá a um teste e se esse fosse hoje?

Nunca se esqueça:“porque onde está o seu tesouro, aí estará também seu coração”Mt 6.21.

NEle sempre

David Júnio